sábado, 14 de março de 2009

Take 2

Não me apetece escrever. Não sei, estou num momento de pouca inspiração.
Será porque me desliguei de tudo o que me inspirava?
Tenho tentado não ver, não ouvir, não cheirar, não sentir. Simplesmente tenho tentado não ser. Tenho tentado mudar. Ser mais espiritual, menos material. Despojar-me de coisas inúteis que me rodeavam e que ocupavam o meu pensamento.
Embora nada daquilo tivesse sido inútil, tenho também tentado esquecer esse take do filme da minha vida. Foste. Tenho tentado que não sejas. Não serás, de certeza. És a parte da gravação onde me enganei. És o erro. As deixas foram trocadas, precipitadas. A respiração tornou-se intensa demais. O coração apertou e as lágrimas caíram. Irónico é que, apesar de tudo, apesar de todas as palavras e contracenas, viraste costas e deixaste a cena a meio. Mas a câmera continuou ligada. A vida segue, o sonho persegue.
Podia tentar repetir a cena, mas o guião fracassou.
Continuo agora sozinha. Desta vez, sou eu quem faz o filme, quem produz e realiza. Não há contracenas. Não me preocupo mais com as deixas. Agora, fazes parte das cenas cortadas.

1 comentário:

  1. Querida prima-irmã:
    Definitivo, como tudo o que é simples.
    A dor não vem das coisas vividas,
    mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

    Sofremos porquê?
    Porque automaticamente esquecemos o que foi vivido e passamos a sofrer pelos nossos planos furados, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido e não conhecemos,por todos os espectáculos,livros e silêncios que
    gostaríamos de ter partilhado,e não partilhamos.
    Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

    Sofremos não porque a nossa vida é desgastante, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

    Sofremos não porque a mãe é impaciente connosco, mas por todos os
    momentos em que poderíamos confessar-lhe as nossas mais profundas

    Sofremos não porque nossa equipa perdeu, mas pela euforia sufocada.

    Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está a ser cortado, impedindo que mil aventuras aconteçam,
    todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

    Por que sofremos tanto por amor?
    O certo seria não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
    pessoa tão fixe, que criou em nós um sentimento forte e que nos fez
    companhia por tempo razoável, tempo bom.

    Como aliviar a dor do que não foi vivido?
    A resposta é simples como um
    verso:

    Sonhando menos e vivendo mais!!!
    A cada dia que vivo, mais tenho a certeza que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
    na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.

    A dor é inevitável.
    O sofrimento é opcional...

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